terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

O resultado da pesquisa executada através dos questionários para gestores e professores tem nos preocupado. Apesar do claro caminho sem retorno da inclusão da informação através do digital na vida cotidiana em nossa sociedade, as escolas em todos os níveis de poder (federal, estadual e municipal) estão nos mostrando um total despreparo e falta de sintonia para assimilar o novo momento.
Os gráficos e análises  realizadas tem nos mostrado resultados pífios nas escolas na utilização dos novos recursos. Também os professores mostram-se despreparados e desatualizados, os treinamentos sobre o tema são pontuais, acontecendo sem um planejamento consistente, nos levando a uma reflexão sobre o eminente colapso da educação como estamos vivenciando agora. Até a simples disponibilidade a internet esta comprometida.
As novas gerações nascidas entre computadores, tablets e celulares enfrentarão um choque de motivação na apresentação do modelo tradicional de ensino, mantido em uma sala confinada por um quadro, professor e giz. As inciativas do poder público e mundo acadêmico precisam urgentemente se intensificarem, pesquisas como essa, demonstrando o estado caótico da disseminação das novas tecnologias nas escolas precisam ser mais divulgadas para que sensibilizem esses atores e a educação possa se reinventar e se tornar atrativa novamente.
A TV e o rádio nos novos paradigmas da educação.

Nossas crianças, nascidas na internet, terão dificuldades em encarar o ensino tradicional. O quadro, o professor, a carteira e o livro precisam ser urgentemente repensados. Esse modelo, por décadas discutido e pouco ou quase nada modificado, enfrenta agora uma concorrência desleal. A atratividade das cores, possibilidades e operacionalidade das novas tecnologias, deverão se estabelecer como modelo muito breve. A academia, como pensado por Platão, esta com seus dias contados.
A tv e rádio digitais deverão se tornar instrumentos importantes na construção de conteúdos sistematizados, no desenvolvimento de estruturas complexas de pensamento, bastando para isso encontrar um formato  possível e  interessante para reunir os jovens em torno de uma fonte de conhecimento institucionalizado e mediado por um professor.

A tv e o rádio existirão em vinte anos? O que vemos é apenas a radical digitalização da informação, as funções continuam.
A possibilidade tecnológica mudou os sentidos humanos? Continuamos vendo, ouvindo, cheirando e sentindo, não vejo outra possibilidade por enquanto.
A tv digital nada mais é do que a possibilidade de provocar nossos olhos, adicionando imagem a conteúdos. Da mesma forma o rádio digital impressiona nossa audição. A utilização dos termos precisava ser modernizado, poderíamos usar de neologismo para esses casos e criar novos termos para definir essa forma mais ampla de transmitir conteúdos. Apesar da função básica mantida, toda sua produção e consequência mudaram. Mudem o nome.
Apresentações parte II

A educação como tema central contou com dois novos cenários de reflexão: a internet e os impressos.
Podendo ser vistos como em estágios diferentes de desenvolvimento, um em franca expansão e o outro em declínio a caminho da extinção. Vemos que esse pensamento é simplificador de um processo multifacetado e essa conclusão se mostra precipitada, sendo necessário um melhor  aprofundamento de suas possibilidades.
A internet esta ficando mais rápida, mais acessível é verdade mas outras questões decorrem de sua ampliação como meio de comunicação. A profusão de novas e infinitas fontes nos leva a pensar sobre uma questão quase filosófica que é a verdade. A possibilidade de uma ideia percorrer quase instantaneamente o mundo, cria em segundos muitas e novas verdades, repetidas milhares de vezes, quase uma verdade definitiva. Como evitarmos esse momento possível apenas com essa nova tecnologia? Nos livros estavam as verdades aceitas (sem esquecer de quem conta a história é o vencedor), podíamos até falar que os impressos continham o melhor DA verdade (grifo nosso).
A contrapartida era que a produção de conteúdo passava por várias etapas, era lentamente transformado, as rupturas aconteciam em décadas. Apesar de reconhecer os avanços, talvez haja um pouco de saudosismo nessa reflexão.
Os Pablos, antes Neruda, são agora Vittar e os concertos, as sonatas levaram um tiro que esta um arraso.
Os Blogs como um novo ambiente social de democratização e ferramenta da expansão da dialética

Calma, já vou falar dos gregos.

Aristóteles falava do homem como um animal político (Zoôn politikón) por natureza. Essa necessidade de viver em sociedade, melhor dizendo, sobreviver em grupos, traz uma consequência imediata: a necessidade de acordos de convivência.  
A linguagem, seja ela escrita ou falada, mostra-se como o instrumento fundamental para a sedimentação desses acordos. Desde a pré-história o homem arrisca contar suas estórias, as imagens rupestres datadas de mais de 30.000 anos, seguidas das tábuas tártaras e finalmente nossa escrita com contribuições gregas, contou com o desenvolvimento simultâneo da linguagem falada, ferramenta imprescidivel para os discursos. 
Os movimentos humanos pela terra, permitiu a troca de experiências e novos termos foram criados para dar significado ao novo mundo, o mundo a caminho da globalização.
Esses instrumentos, antes controlados, dominados pelas grandes instituições privadas ou públicas enfrentam um novo paradigma: os blogs. Esse novo instrumento de socializar, consequência da tecnologia, põe em cheque os velhos conceitos, a produção de conteúdo esta definitivamente descentralizada. Não menos importante nesse novo acordo, a censura ao consumo de informação esta em realce, não se pode escolher o que o outro vai ler, vai consumir, a democratização de todas essas etapas quase em velocidade instantânea, impõe uma nova ordem.
Vejo de forma otimista esse momento, estamos lendo mais, escrevendo mais, trocando mais.
Se nos inspiramos no platonismo, o processo de diálogo aumentou, o debate entre interlocutores comprometidos com a busca da verdade passou a permitir várias verdades simultâneas. Se olhamos com simpatia para o aristotelismo, criamos, discutimos novas ideias prováveis, e  a possibilidade de ser discutido em todos os níveis, de fato expandiu o discurso humano.
Estamos evoluindo.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Cibercultura - André Lemos

Comentários

A palestra enfatiza que o momento anterior a era digital, era caracterizado por uma cultura do ler. Era possível assistir programas, ler um jornal, ouvir o rádio ou também ouvir o professor. A cibercultura amplia essas possibilidades incluindo a capacidade de acessar novas fontes e o mais importante produzir conteúdos.
Cita três pontos importantes desse processo que são: a liberação da produção que amplia as falas diferentes da oficial, dos conteúdos produzidas em gráficas ou redes de comunicação. Podemos escrever e ser lido sem permissão. O segundo ponto é a ampliação do universo propiciado pelas redes sociais. Não só posso ser lido mas lido por um universo de pessoas que estejam conectadas. O terceiro é a reconfiguração obrigatória imposta pela quebra dos paradigmas anteriores. Continua a conhecida produção de massa, controlada, mas aparece o conceito de pós-massivo que é capacidade de conversar, de criar uma mão dupla entre o escritor e o leitor, sendo possível a alteração do conteúdo como resultado dessa interação.
A Imagem como Paradigma (Luiz Serpa) - Um comentário

É certo que a possibilidade de representar fenômenos físicos através de imagem vem permitindo um avanço considerável em várias áreas do conhecimento humano. Isso ninguém discute. O que relativizamos é a importância como gerador de paradigmas nessa situação tecnológica atual.
Desde as expressões rudimentares em cavernas do cotidiano através de desenhos, o homem percebeu que a imagem é um facilitador para a transmissão para outros, de fatos e sentimentos. A pintura, durante milhares de anos,  representou bem os vários momentos do desenvolvimento social e o que entendemos como homem e sua relação com o universo. Surge então a fotografia aprisionando o momento, tornando a realidade visível e indiscutível. Suas derivações como ultrassons, softwares gráficos e de representações, mostrou-se um caminho só de ida, ampliando significados e significantes, realmente possibilitando a expansão da capacidade humana de entender o espaço e o tempo que o rodeia.
Não menos importante é o desenvolvimento da linguagem. Essa, utilizando outras faixas de frequência identificadas por nossos sentidos, passa a ser um instrumento importantíssimo na trajetória de nossa civilização. Sua codificação em caracteres pictóricos permite a eternização de fatos, contratos sociais ou simplesmente o cotidiano. Sua democratização, que acontece com o desenvolvimento da imprensa, enfrenta novos desafios com o advento das redes sociais. Passamos todos de apenas consumidor para produtor da história, o que estou nesse momento fazendo.
Entendemos que o desenvolvimento tecnológico já disponível, amplia as capacidades humanas como um todo e como um todo deva ser estudado e compreendido, em suas possibilidades e limites.